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Fórum debate a pressão para o consumo sobre a infância

Fórum debate a pressão para o consumo sobre a infância

 

Os organizadores e participantes do Fórum PENSES, “Ser criança e adolescer em uma sociedade desigual” comemoram o sucesso do evento que reuniu especialistas de diversas áreas nos dias 14 e 15 de setembro no Centro de Convenções da Unicamp. Infância, alimentação, consumismo, publicidade, mídia e capitalismo foram alguns dos temas debatidos nos dois dias do evento. O Fórum mobilizou, presencialmente e virtualmente, interessados na reflexão dos diferentes modos de viver a infância e a juventude em função das distintas inserções sociais, estruturas familiares, históricos de vida e dos vários modos de se constituir como sujeito.

Para Maria Aparecida Affonso Moysés, da comissão organizadora, todas as mesas abriram possibilidades de reflexões e críticas e de novos modos de atuar. Sobre a mesa que contou com a participação da Rede Brasileira Infância e Consumo, Rebrinc, realizada no dia 15, “Capitalismo, consumo e propaganda”, Maria Aparecida conta que ela proporcionou um debate muito rico. “Tivemos seis palestrantes na mesa e nem se percebia o tempo passar, pois cada um trazia novos aportes e outros olhares”, lembrou. Para ela, é fundamental a aproximação do Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida, do Fórum PENSES, da Unicamp, realizador do evento, e outras entidades, redes e movimentos para novas possibilidades de interlocução e articulações.

Capitalismo, consumo e propaganda

A Rede Brasileira Infância e Consumo participou da roda de conversa “Capitalismo, consumo e propaganda” que levantou a discussão sobre os limites da publicidade infantil e os seus impactos. A doutora em Educação, Maria Belintane Fermiano, representando a Rebrinc, levou reflexões sobre o simbolismo e os processos de identificação gerados pelo consumo e a pressão sobre a infância. Ela relatou experiências de seu trabalho com a formação de educadores e discutiu como todos somos impactados pelos estímulos ao consumo. Para ela, “o consumo amplifica e cristaliza as desigualdades”. Ela lembrou que a oniomania, o vício em compras, já atinge crianças e que a causa do combate ao consumismo precisa de mais gente que ajude a promover a mudança necessária para a proteção da infância.

Outros membros da Rebrinc também participaram do evento. Pedro Hartung, advogado e diretor do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, lembrou como o desejo e a pressão para o consumo levam muitos jovens a viverem em conflito com a lei. “O ingresso nos grupos é mediado pela posse de itens de consumo o que gera uma grande pressão sobre os adolescentes”, explicou Hartung.

Pedro também destacou que a publicidade de alimentos para criança é hoje um importante fator da epidemia da obesidade infantil. “Qual a responsabilidade das empresas sobre isso?”, questionou. O advogado falou sobre as dificuldades de avançar nos marcos regulatórios devido ao lobby das indústrias, que pressionam congressistas e contratam os melhores advogados.

Débora Regina Diniz, do Movimento Infância Livre de Consumismo, Milc, enfatizou que o combate à publicidade é uma luta desleal. “Culpar as mães é cruel quando todo o sistema – inclusive os profissionais de saúde – trabalha para nos fazer consumir”, desabafou.

A nutricionista Sophie Deram, também integrante da Rebrinc, falou sobre o cientificismo e o terrorismo nutricional. Para ela, despatologizar a alimentação é fundamental e um outro olhar sobre o ser humano e sobre a alimentação é necessário. “O ser humano se alimenta de nutrientes e sentimentos”, frisou Sophie.

O Fórum também contou com a projeção do filme “Território do Brincar”, que retrata a infância de diversas crianças pelo Brasil e registra as sutilezas da espontaneidade do brincar em comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral. O trabalho foi desenvolvido pela documentarista Renata Meirelles, que também participou de uma roda de conversa.

O evento foi organizado pelo [re]pense (Grupo de Estudos sobre Patologização, Intolerância e Discriminação) do Fórum Pensamento Estratégico, PENSES, e pelo Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida. O PENSES é um espaço acadêmico responsável por promover discussões que contribuam para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da sociedade em todos seus aspectos.

Em breve o conteúdo do Fórum “Ser Criança e adolescer em uma sociedade desigual” será disponibilizado em forma de texto e também por meio das apresentações em vídeo.

 

Débora Diniz, Maria Belintane e Pedro Hartung

Débora Diniz, Maria Belintane e Pedro Hartung

 

Rebrinc no Fórum: as palestrantes Maria Belintane, Sophie Deram e a participante do evento Valéria Cantelli

Rebrinc no Fórum: as palestrantes Maria Belintane, Sophie Deram e a participante do evento Valéria Cantelli

 

Fórum Penses Unicamp

O público acompanhou o evento da Unicamp presencialmente e virtualmente

 

Fotos: arquivo evento/Rebrinc

 

Publicado em 21/09/2015