Evento em BH promove a reflexão sobre o brincar e o consumo na infância
Os três anos da Rede Brasileira Infância e Consumo teve uma comemoração especial em Belo Horizonte, no domingo, dia 10 de julho. Adultos, idosos, jovens e crianças, muitas cenas de gentileza, ações pelo consumo colaborativo e reflexões sobre a infância coloriram a Praça da Liberdade onde aconteceu a XII Feira Grátis da Gratidão. O aniversário da REBRINC foi comemorado dentro da programação da Feira.
Como explica Alcione Kolanscki, uma das organizadoras e apoiadoras da Feira Grátis da Gratidão de Belo Horizonte, o evento é uma intervenção urbana afetiva. Seu lema é “traga o que quiser (ou nada) e leve o que quiser (ou nada)”. Ele estimula um novo modo de se relacionar com o dinheiro e dá vida ao consumo colaborativo que aumenta a vida útil de objetos, economiza recursos e possibilita uma relação mais solidária entre as pessoas. Saiba mais sobre a Feira Grátis da Gratidão aqui.
Entre os presentes na festa da Rede estava Rodrigo Libanio Christo, que também comemorava os 40 anos de atividades como brincante. “O início de tudo foi também na Praça da Liberdade, na época da antiga Feira Hippie”, conta Rodrigo, que começava a fabricar e comercializar brinquedos artesanais. Em quatro décadas, Rodrigo coleciona muitas experiências sobre pesquisa e confecção de brinquedos com material reciclável, animação de festas infantis e participação em inúmeras atividades pela infância unindo música e contação de histórias. Nas suas mãos, os barbantes coloridos se transformam em figuras mágicas e quem passa não resiste e acaba parando para apreciar a habilidade do brincante. “Histórias com Figuras de Barbante e outros Brinquedos Cantarolantes” é o nome da apresentação de Rodrigo que tem também um canal de vídeos onde mostra suas peripécias lúdicas. Acompanhe o canal rodrigolibanioX e a página Voluntários Brincantes.
Paulo Fernandes, com a apresentação “Abrindo seu baú de histórias”, levou música e poesia para as crianças. Educador e contador de histórias, Paulo fala sobre consumo, brincadeiras, natureza e amizade em suas histórias. O educador possui um canal de vídeos onde apresenta semanalmente dicas de literatura infantil. (Canal Ler é criar asas – Paulo Fernandes)
Os professores da Vila Marista, do Colégio Marista Dom Silvério, levaram música, fantoches e livros de papel e de pano que atraíram a atenção de crianças de todas as idades. Jaqueline Ramalho, coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Marista e integrante da REBRINC, estava acompanhada dos educadores Ana Carolina Calazans, Ana Carolina Vieira, Isabella Peres, Gabriela Marra, Maycon Lack e Milene Chantal. As crianças puderam ter contato com o mundo mágico da literatura infantil e da música por meio de instrumentos como violão, violino, pandeiro e flauta. Jaqueline Ramalho falou da importância da participação do Colégio Marista na Rede. “A REBRINC marca um tempo de reflexão e de mudança pois vem trazendo informação e conhecimento em nossa prática pedagógica”, conta Jaqueline.
A educadora Helena Lima realizou a oficina “Tecendo histórias” para crianças e adultos, unindo a questão da sustentabilidade com o lúdico e o artesanal.
Pollyanna Xavier, da Aldeia Jabuticaba, brincou com as famílias, incentivando a interação entre adultos e crianças. Ela colaborou com o evento criando um ambiente acolhedor para as crianças com almofadas e tecidos coloridos onde pais, mães e filhos puderam ver as apresentações e brincar.
Nas rodas de conversa, a educadora financeira e autora do livro “Cuide do seu bolso e do planeta: um guia para decisões financeiras sustentáveis” Adriana Fileto, também integrante da REBRINC, falou sobre os apelos para o consumo e deu dicas de como as famílias podem lidar com as crianças, buscando formas de lazer que não incentivem a compra de produtos.
Corinne Lopes, integrante da REBRINC, também participou da roda de conversa e falou sobre a importância do consumo colaborativo. Já a psicóloga Pollyana Xavier lembrou que algumas vezes ela presencia cenas de crianças que só reconhecem como brinquedos bonecas, carrinhos e jogos industrializados e de marca.
Todos falaram sobre o consumismo e a importância das famílias adotarem um estilo de vida que privilegie o contato com a cidade que precisa ter mais natureza.
Zé Flávio Meireles, ativista do Movimento Parque Jardim América, falou sobre a importância da interação entre as diversas lutas que acontecem nas cidades e como a união dos movimentos fortalece as causas. Zé Flávio defende a preservação de uma área verde no bairro Jardim América, na região oeste de Belo Horizonte, que corre o risco de virar um condomínio residencial.
Os participantes da roda falaram da necessidade do resgate da conexão da infância com a natureza. Desirée Ruas, jornalista da REBRINC, lembrou da importância de vestirmos a camisa das causas que importam: luta pela infância, pela proteção do verde, pela humanizações dos espaços urbanos, pela alimentação saudável e pelo brincar livre. E lembrou como as famílias precisam estar engajadas nos movimentos ambientais pensando na geração atual e nas gerações futuras, como é o caso de movimentos que existem hoje na capital mineira, como o Parque Jardim América e o Salve a Mata do Planalto.
Veja aqui todas as fotos do evento.
Fotos: Zé Flávio Meireles e Desirée Ruas