Evento debate a proteção de crianças e jovens na Internet
Por Renata Melocchi Alves – Integrante da Rede Brasileira Infância e Consumo e cocriadora da página Infância de Condão
Todos os anos organizações do mundo inteiro ligadas à Internet, aos direitos humanos, educação, apoio e proteção se reúnem para o “Dia Mundial da Internet Segura”. Trata-se de uma iniciativa anual que objetiva envolver e unir os diferentes atores, públicos e privados, na promoção de atividades de conscientização para um uso mais seguro, ético e responsável da Internet e suas múltiplas ferramentas. No dia 7 de fevereiro, aconteceu a 9ª Edição do “Dia da Internet Segura 2017” (Safer Internet Day), realizado pela SaferNet Brasil, na cidade de São Paulo.
Só para terem ideia da abrangência e importância desse evento, participaram dirigentes e representantes da UNICEF, Google Brasil, Facebook, Microsoft Brasil, Ministério Público Federal, Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Criativos da Escola, Instituto Dimicuida, Childhood Brasil, Instituto Alana, OAB/SP, Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e Adolescente, especialistas em Direito Digital e também youtubers de renome na atualidade. O Dia da Internet Segura 2017 contou com integrantes da sociedade civil e do poder público, envolvidos e comprometidos com a temática da proteção da privacidade, da saúde (mental e física), dos direitos humanos e da segurança na era digital.
Dentre os temas que foram tratados no Dia da Internet Segura 2017 estão:
– Desafios à privacidade e segurança no mundo das coisas interconectadas;
– Desafios e soluções para uma Internet mais segura por parte das empresas;
– Os novos indicadores e recursos educacionais disponíveis sobre o tema;
– O papel do Estado e das Organizações Internacionais na formulação de políticas públicas para proteção dos direitos humanos na rede;
– Como educar e mobilizar redes para uma Internet mais positiva;
– Proteção à infância online
– Proteção e promoção de direitos humanos na Internet.
Nós, da Rede Brasileira Infância e Consumo, acompanhamos de perto o evento e compartilharemos aqui alguns pontos que nos fizeram refletir e que são de fundamental importância na vida de milhões de pessoas que se valem hoje da tecnologia no seu dia a dia, para os mais diversos fins, em especial os jovens e crianças.
- A Internet é uma ferramenta que trouxe mudanças radicais em todas as áreas e sua abrangência é tão ampla e complexa que não podemos dizer que ela é ou será um dia efetivamente segura: Nós que teremos de fazer um USO SEGURO dela, utilizando ferramentas para tanto, uma vez que o mundo dito virtual nada mais é do que “um mega espelho do que a sociedade é”. Ora, da mesma forma que não é seguro andar despreocupadamente à noite em ambientes que não conhecemos no mundo off-line, não é seguro utilizar despreocupadamente as ferramentas do ambiente virtual, como se nenhum mal ou prejuízo pudesse nos acometer…
- As crianças e jovens convivem com naturalidade nesse mundo virtual e já são parcela significativa no acesso às redes segundo pesquisas e indicadores. Ocorre que a Internet, que tinha uma característica estática há alguns anos, atualmente é DINÂMICA, com conteúdo multimídia, sendo que o usuário atua como protagonista da rede, criando e reproduzindo conteúdos, o que requisita um ESFORÇO MULTISETORIAL para a SEGURANÇA dessas crianças de jovens, que são naturalmente vulneráveis no mundo hiper conectado.
- A internet se assemelha a um playground, divertido, cheio de possibilidades, de interações e aprendizados, que se potencializam com o seu uso adequado. Da mesma forma que não deixamos nossos filhos voarem no balanço logo nas primeiras vezes ou se pendurarem de cabeça pra baixo no trepa-trepa sem terem ideia de como sustentar o corpo, não devemos deixá-los livres e sem informações sobre o uso ético, seguro e correto da internet.
- Não é porque o jovem ou mesmo a criança parece ser “perita” em tecnologia, mexendo com desenvoltura na Internet nos diversos dispositivos, que isso significa que elas tenham condições e maturidade suficiente para DISCERNIR sobre suas ações na rede e sobre o que é seguro, correto e adequado. Eles podem ser nativos tecnológicos, mas quem sabe dizer o que é certo ou errado no mundo (virtual ou não) SOMOS NÓS, OS PAIS OU RESPONSÁVEIS (mesmo que não saibamos nem logar no Facebook…).
- Precisamos fazer e ensinar os jovens e crianças a: PENSAR ANTES DE COMPARTILHAR, PROTEGER SUAS COISAS (dados, informações privadas e intimidade) e saber configurar as próprias CONTAS e SENHAS.
- Muito embora a Internet seja um ambiente livre e democrático, deve promover um ambiente acolhedor e seguro, e todos somos responsáveis por isso, agentes de transformação: “seja a mudança” é o outro conceito que devemos transmitir aos jovens e crianças.
- Não devemos tolerar: discurso de ódio, organizações perigosas, ameaças, violência gráfica, exploração sexual, nudez e bullying na Internet. O usuário está no comando, ele escolhe o que vê e compartilha: trata-se do Índice de Cidadania Digital.
- A maior parte dos danos são gerados pela FALTA DE CONHECIMENTO DOS RISCOS no ambiente virtual. Informação e conhecimento são fundamentais e, uma vez conhecedor, compartilhe!
- O jovem ou criança não tem plena capacidade de fazer um USO CRÍTICO DO CONTEÚDO da Internet, os pais e responsáveis precisam educar nesse sentido. Capacidade crítica é diferente de Capacidade tecnológica.
- Indispensável cultivarmos e exercitarmos a CIDADANIA, noções de AUTOCUIDADO, VALORES MORAIS e ÉTICOS, bem como a EMPATIA (a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros).
Estes são apenas alguns pontos que foram tratados no Dia da Internet Segura 2017, mas que devem estar na pauta cotidiana de nossas vidas.
Saiba mais no site Dia da Internet Segura 2017.
Até a próxima!
Saiba mais sobre a colunista Renata Melocchi Alves
Advogada pela PUC/SP, pós-graduada em Direito das Relações de Consumo pela mesma instituição e sócia do escritório Melocchi e Alves Advogados; convicta de que o pleno exercício da cidadania e a utilização do Direito como forma de mobilização social deve sempre pautar a prática jurídica.
Pós-graduada pelo “Instituto Sedes Sapientiae” na área da Psicanálise (“Fundamentos da Psicanálise e sua Prática Clínica”) e da Psicologia (“O Custo Emocional do Tratamento de Humanos”), por entender ser fundamental estudar e enxergar o sujeito em sua totalidade.
Especialmente encantada com a maior obra de todas, a maternidade (mãe de Mateus, 8 e Laura, 6), iniciou o curso de Pedagogia, por constatar que a educação da sociedade passa por cada um de nós. Extremamente envolvida com a Educação e a sua importância na formação de uma sociedade mais justa, ética, sadia e feliz, pretende compartilhar conhecimento, ideias e fomentar a reflexão do papel do indivíduo na vida das crianças e das famílias.