Estudantes de Pedagogia debatem educação financeira e consumismo infantil em BH
Como a educação financeira pode ajudar no combate ao consumismo infantil? De que forma a escola pode ajudar no incentivo a estilos de vida mais sustentáveis? Para responder a essas e outras questões, a economista e educadora financeira Adriana Fileto participou, em Belo Horizonte, do bate-papo “Educação financeira sustentável e consumismo infantil”. O evento, que aconteceu no dia 30 de agosto, fez parte do movimento “REBRINC pelo Brasil – Eventos Colaborativos pela Infância” que celebrou os três anos da Rede Brasileira Infância e Consumo. A REBRINC é uma rede horizontal e colaborativa que reúne, virtual e presencialmente, pessoas físicas, instituições e movimentos de todas as regiões do país interessados nas temáticas infância e consumo.
Para Adriana Fileto, a educação financeira deve ser vista como um conhecimento que vai muito além do saber gastar. A questão da sustentabilidade e a crítica ao consumismo, sobretudo quando os apelos são direcionados para a infância e a juventude, fizeram parte da conversa com os participantes do evento que aconteceu na casa de brincar Aldeia Jabuticaba. Ela é autora do livro “Cuide do seu bolso e do planeta – Um Guia para decisões financeiras sustentáveis”, da Editora Miguilim.
A educadora financeira falou sobre os apelos para o consumo, sobre a realidade do endividamento vivida por muitas famílias e o papel da escola para o questionamento do consumismo na infância. Destacou também atividades que ajudam a criança a entender a noção de quanto custa um produto e do tempo que é preciso trabalhar para comprar determinado bem. Adriana deu sugestões de atividades de acordo com cada faixa etária, reforçando a importância da família debater a questão do consumismo e do endividamento, buscando a saúde financeira e a consciência na hora das compras. “A questão da sustentabilidade e dos limites do planeta têm que ser levados em conta por todas as pessoas. E as crianças precisam aprender desde cedo sobre os prejuízos do consumismo”, enfatiza Adriana Fileto.
Mesada: dar ou não dar?
De acordo com Adriana, uma das dúvidas que sempre surgem nas suas palestras é relacionada à questão da mesada. “Os pais querem saber se devem ou não dar dinheiro aos filhos periodicamente. A mesada/semanada não é obrigatória, mas pode ser uma ferramenta para se iniciar a criança na compreensão sobre finanças, orçamento, limite de gastos e a importância das escolhas. Importante lembrar que a criança nem sempre entende o tempo da forma como nós adultos entendemos. Um mês é muito tempo. Para a criança é mais fácil assimilar a noção de semanada por exemplo”, ensina. Para ela, a família deve acompanhar de perto a forma como a criança lida com o dinheiro que recebe como mesada, com o que pretende gastar, para que a criança aprenda a fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis desde cedo. “Convém destacar que a concessão da mesada ou semanada não deve estar condicionada ao bom comportamento dos filhos sob o risco de se estimularem práticas materialistas. As crianças devem ser gentis, educadas, solidárias e cooperativas independentemente de receberem mesada”, enfatiza. “Uma boa alternativa para se ensinar sobre finanças aos filhos é envolver a família em um projeto para juntar dinheiro para uma viagem ou um passeio. Todos podem economizar gastando menos água ou energia, por exemplo, para que sobre dinheiro para todos usufruírem de uma atividade divertida em conjunto”, sugere a educadora.
A REBRINC e a formação de educadores
Um foco importante do trabalho da Rede Brasileira Infância e Consumo é incentivar o debate do consumismo infantil junto aos educadores atuais e futuros. O evento sobre Educação Financeira contou com a participação de alunos do quinto e sexto períodos do curso de Pedagogia da Faculdade Izabela Hendrix. A professora do curso de Pedagogia Laysa Akeho ressaltou a importância de se levar este conteúdo para os futuros educadores.
Desafios na escola
Para os educadores, o debate do consumo na infância é um desafio que deve ser encarado pela escola, com uma abordagem que reforce uma visão crítica do alunos sobre os apelos da mídia e do mercado. O futuro pedagogo Cristiano Azevedo lembrou da importância das famílias estarem abertas para debates como o do consumismo infantil.
Fabíola Gabriel, especialista em Gestão e Educação Ambiental, disse que é também papel do educador reforçar a autoestima dos alunos para o combate ao consumismo. “Assim as crianças têm mais condições de entender que não é porque o amigo tem um bem que ele é melhor que os outros, situação que acontece com frequência na escola, gerando bullying e outros problemas.”
Pollyanna Xavier, psicóloga e coordenadora da casa de brincar Aldeia Jabuticaba, falou sobre a necessidade por parte das crianças das brincadeiras com materiais não estruturados, como caixas de papelão. Ela lembra que na escola e em casa é importante permitir que as crianças exercitem a imaginação com materiais simples e sem marcas ou personagens. “Com isso as famílias podem estimular a brincadeira sem gastar nada por isso”, finaliza.
Ingride com a filha Emanuelle
Publicado em 31 de agosto de 2016