Guia Justiça Alimentar e Cidadania debate o direito à alimentação
Agricultura urbana, combate aos agrotóxicos, alergia alimentar e educação escolar são alguns dos temas abordados pelo Guia Justiça Alimentar e Cidadania, uma publicação do Instituto REAJA, Rede de Estudos e Ações em Justiça Alimentar, integrante da Rede Brasileira Infância e Consumo. Lançado no último mês de setembro, o guia orienta o debate político na questão da alimentação e do papel dos governos municipais. Uma bússola para a escolha de candidatos no primeiro turno e agora também no segundo turno da eleições, ele reúne propostas para subsidiar debates nas escolas, associações, cooperativas, movimentos e coletivos sociais. O Guia reúne 55 propostas elaboradas pelas organizações MUDA – Movimento urbano de Agroecologia de São Paulo; Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida; MILC – Movimento Infância Livre de Consumismo; Movimento Põe no Rótulo; Comida Invisível; além do próprio Instituto REAJA. O advogado Leonardo Correa, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, é um dos criadores do Instituto Reaja e fala sobre a publicação para a REBRINC.
Como surgiu a ideia da criação do Instituto?
A ideia surgiu a partir da reunião de um grupo de ativistas e acadêmicos que resolveram debater a questão da Justiça Alimentar e sua relação com a elaboração, implementação e fiscalização de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional. De modo geral, esse pequeno grupo de pessoas tinha em comum uma visão segundo a qual o ato de se alimentar não é apenas uma questão fisiológica, mas fundamentalmente política e cultural. Assim, quando afirmarmos que a “cada mordida, uma escolha política” queremos reafirmar que adoção de um determinado padrão alimentar não é fruto apenas de uma opção individual, mas de um conjunto de arranjos estruturais que limitam e condicionam aquilo que colocamos em nossas mesas diariamente.
Qual o objetivo do Guia Justiça Alimentar e Cidadania?
O objetivo da publicação é exatamente o de politizar o debate alimentar que, em muitas vezes, é definido como apenas uma opção individual por uma vida mais saudável. Evidente que as escolhas dos indivíduos são decisivas, mas essas escolhas ocorrem em uma dada estrutura econômica e política. Assim, não posso reduzir a questão do consumo de orgânicos ao mero aspecto de uma escolha individual. Não! Há uma determinada estrutura econômica que reproduz um modelo de produção na qual os orgânicos não são a prioridade no nosso sistema alimentar. O papel do Guia Justiça Alimentar e Cidadania tem a função, portanto, de alertar que o Município possui um papel decisivo nesse processo de reformulação do sistema alimentar, seja incentivado hortas escolares, agricultura urbana ou diminuição do desperdício. O Guia é organizado em 10 eixos temáticos, com mais de 50 propostas concretas para serem debatidas no âmbito municipal.
Como é a atuação do Instituto Reaja?
O Instituto REAJA atua em três frentes: conscientização da questão alimentar por meio da divulgação de textos de colaboradores; advocacy, ou seja, a prática coordenada e estratégica de influenciar nas políticas públicas e, por fim, o apoio e desenvolvimento de atividades acadêmicas sobre Justiça Alimentar. O Guia Justiça Alimentar e Cidadania constitui a nossa primeira experiência em advocacy na área alimentar.
Acompanhe as discussões do Instituto Reaja.
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