Pages Menu
Categories Menu
Cantinas saudáveis e publicidade na escola são temas de debate em BH

Cantinas saudáveis e publicidade na escola são temas de debate em BH

 

No dia 22 de novembro, em Belo Horizonte, aconteceu o debate “Alimentação Saudável na Escola” que reuniu mães, educadoras e nutricionistas. Realizado pela Rede Brasileira Infância e Consumo, o evento abordou a legislação das cantinas saudáveis, a relação da comida com o aprendizado, a obesidade infantil, a má alimentação e as ações publicitárias no ambiente escolar. Além de servir como momento de reflexão, o debate lançou o BH pela Infância. Cláudia Dias, Desirée Ruas, Juliana Abrahão e Fernanda Clímaco, idealizadoras do movimento que incentiva a reflexão da infância na cidade, falaram sobre a importância da integração de temas como educação, alimentação, saúde e sustentabilidade. Com o movimento BH pela Infância, as educadoras esperam contribuir para sensibilizar a cidade acerca da necessidade de um olhar cuidadoso para a infância.

Alimento como linguagem

Plantio de hortas, preparo de receitas e brincadeiras com frutas. A alimentação como linguagem e as potencialidades da promoção da comida de verdade no ambiente escolar foram alguns dos temas abordados pela mestre em Educação e pesquisadora infantil Fernanda Clímaco. A educadora falou durante o debate “Alimentação Saudável na Escola – Da teoria para a prática”, no Espaço UFV.

“A alimentação precisa ter um lugar de destaque dentro do projeto político-pedagógico da escola. E precisa acontecer na prática. Não pode ficar só no papel. O aprendizado por meio do plantio dos alimentos, do preparo da comida, a hora de comer como experiência que une as pessoas, escolher o lanche na cantina da escola… Tudo isso faz parte do processo educativo”, ensina Fernanda.

Pensando nos apelos para o consumo sobre as crianças, Fernanda faz um alerta: “até o uso de rótulos como instrumento pedagógico precisa ser pensado de forma crítica. Por que não usar os nomes de frutas, legumes, sentimentos e outras palavras para ajudar a criança a aprender a reconhecer as letras? Quando usamos as iniciais de achocolatados e refrigerantes nas paredes das salas de aula para ensinar o alfabeto estamos reforçando a presença das marcas na vida das crianças. Desta forma, não combatemos a pressão do marketing e reforçamos sua presença nos primeiros anos de vida das crianças dentro da escola”, esclarece Fernanda Clímaco.

Obesidade infantil 

A nutricionista Cláudia Dias falou sobre a importância da promoção da alimentação saudável na escola e relatou sua experiência com projetos de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar desde 2003. Segundo Cláudia, “as mudanças ocorridas nas práticas alimentares dos brasileiros nos últimos quarenta anos têm relação direta com o crescimento de algumas doenças crônicas não transmissíveis, como sobrepeso e obesidade, doenças cardiovasculares, dislipidemias, diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial em idades cada vez mais precoces; e também pela deficiência de micronutrientes (vitaminas A e D, complexo B, ferro, zinco, entre outros), associada ou não à obesidade”.

Cláudia Dias relatou que as atividades educativas de promoção da alimentação saudável na escola representam possibilidade concreta de mudança de comportamentos e de impacto sobre a saúde. “A escola deve se tornar um ambiente favorável à alimentação saudável e um espaço onde as pessoas aprendam a pensar sobre as questões relacionadas à alimentação”, enfatizou. A nutricionista participou da elaboração da Lei 18372 /2009, que rege a alimentação escolar em Minas Gerais, mas acredita que independentemente de leis, a escola deve participar da formação de hábitos alimentares de suas crianças e adolescentes.

Mudanças nas cantinas

A nutricionista Juliana Abrahão compartilhou sua experiência com a transformação de cantinas escolares. “É preciso que a direção da escola assuma uma filosofia clara. O que queremos para a alimentação na escola? O que incentivamos e o que queremos evitar em termos de alimentos? Mesmo sem uma lei federal que regulamente a questão, podemos ter uma mudança na alimentação infantil pela iniciativa das escolas, organizadas e engajadas na diminuição do consumo de ultraprocessados e no aumento do consumo de comida de verdade”, explicou. Nas cantinas que administra, Juliana prioriza um cardápio com frutas e legumes, receitas enriquecidas com fibras e combinações saudáveis para sucos e bolos.

Valéria Vilela falou sobre sua experiência como neuropsicopedagoga em projetos de alimentação saudável com crianças a partir de um ano de idade. Compartilhando casos da escola infantil que ajudou a criar, ela deu exemplos de projetos que abraçam a causa do incentivo ao consumo de frutas e verduras. Ela contou que, muitas vezes, a criança aprende a comer determinado alimento na escola. “Ouvimos os pais falarem que os filhos não comem determinado alimento de jeito nenhum. E, de repente, a criança passa a comer aquele alimento porque a experiência na escola tem um poder transformador impressionante. Vendo os outros comerem elas acabam experimentando e gostando”, ensina Valéria.

Publicidade na escola?

O lanche que vem de casa ou aquele que é vendido, o que é consumido na escola pública ou privada, a cantina como um negócio dentro da escola, a publicidade no ambiente escolar: todas estas questões precisam ser acompanhado de perto pelas famílias. Desirée Ruas, educadora ambiental e para o consumo, falou dos desafios do combate ao consumismo infantil no ambiente escolar e apresentou o trabalho da Rede Brasileira Infância e Consumo. “A Rebrinc reúne esforços para mobilizar a sociedade, sobretudo educadores, famílias e aqueles que produzem conteúdo para as mídias, sobre as consequências do consumismo infantil. Muitas vezes, achamos tão normal a criança ser alvo de ações de marketing que nem pensamos nas consequências destas ações.” alertou Desirée. “O debate alimentação Saudável na Escola surgiu do pedido de famílias e educadores, ao longo dos anos, sobretudo no evento colaborativo que fizemos em junho deste ano, no Sesc Palladium, na Semana Infância e Consumo. Há muitas dúvidas sobre o tema. E é muito importante incentivar o debate sobre a alimentação saudável no ambiente escolar”, explica. Desirée também lembrou que, no início de 2017, uma ação da Rebrinc em Belo Horizonte barrou dois projetos de lei sobre publicidade nas escolas. “Precisamos estar atentos para ações que usam as crianças para promover marcas e querem invadir o ambiente escolar”, alerta a educadora para o consumo e integrante da Rebrinc.

 

Leia também:

Alimentação saudável na escola: vamos conseguir?

Publicidade na escola: mobilização em BH barra dois projetos de lei

Por que a escola tem que ser um espaço sem publicidade?

A cantina também é um espaço que educa?

Alimentação saudável: quem educa o educador?

Alimentação saudável: família e escola precisam caminhar juntas

Na ocasião foi lançado o movimento BH pela Infância que debate a relação da criança com a cidade e integra educação, alimentação, saúde e sustentabilidade

Mães, nutricionistas e educadoras se reuniram para debater alimentação escolar

Cláudia Dias falou sobre obesidade infantil e outros problemas de saúde relacionados à má alimentação

Fernanda Clímaco abordou o uso de rótulos de alimentos industrializados na educação infantil

Cláudia Dias, Valéria Vilela, Fernanda Clímaco, Juliana Abrahão e Desirée Ruas no debate da Rede Brasileira Infância e Consumo

Copos reutilizáveis, água e suco natural no lanche do debate “Alimentação saudável na escola”

 

Fotos: Rebrinc

Post a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *