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Alimentação saudável na escola: quem educa o educador?

Alimentação saudável na escola: quem educa o educador?

Nadar contra a correnteza exige um esforço fora do comum. Por isso, educadores, assim como as famílias, precisam de uma dose extra de energia e disposição quando o assunto é combate ao consumismo infantil e a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar. Os apelos para o consumo de ultraprocessados acertam em cheio crianças e adolescentes e a escola acaba tendo um papel essencial no reforço aos bons hábitos alimentares. Como, então, o educador deve trabalhar o tema na sala de aula? Mais do que levar conteúdos relacionados a saúde e alimentação, que já estão inseridos no material didático, os educadores podem impulsionar mudanças concretas junto a seus alunos.

Competições saudáveis, observação e debate sobre o que é consumido em casa e na escola, incentivo para que meninos e meninas coloquem a mão na massa e outras ações enriquecem a receita que todos nós precisamos compartilhar: mais comida de verdade e menos ultraprocessados. Conversamos com a educadora e pesquisadora infantil Fernanda Clímaco sobre a atuação do educador no incentivo à alimentação saudável. Ela reforça a importância da atualização constante dos profissionais da educação, seja de escolas públicas ou privadas. Para aulas interessantes e alunos motivados é preciso investir em novas metodologias e na busca do conhecimento, explica a educadora.

Qual é o papel dos professores na promoção de hábitos alimentares saudáveis?

Sabemos dos benefícios de uma alimentação saudável para o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. E sabemos também que essa atitude pode e deve ser ensinada. Dessa maneira, a escola e a comunidade escolar tornam-se agentes importantes nesse processo educativo. O tema educação alimentar e nutricional é um dos desafios da prática docente e deve constar na pauta das mais inovadoras concepções pedagógicas de ensino. Dessa maneira,  professores tornam-se os principais parceiros na busca da promoção da saúde e do desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis e devem ser estimulados nessa formação.

Além do trabalho que deve ser realizado pelo nutricionista na escola, como os professores podem enriquecer a sua prática pedagógica sobre o tema?

A formação de professores sobre esse tema pode contribuir muito para as transformações de práticas e hábitos a partir de um contexto significativo, onde aprendizagens e experiências produzirão novos saberes a respeito da alimentação e nutrição escolar. Por isso, é importante a criação de redes de formação como um processo crítico, dinâmico e motivador, envolvendo e integrando escola, professores, nutricionistas e as famílias.

Como os conteúdos devem ser trabalhados na sala de aula?

Acredito que os professores devem lidar com o tema como uma extensão da proposta pedagógica. Para tanto, além da formação, deve-se buscar o diálogo com valores culturais, sociais e afetivos que envolvem as práticas alimentares em diferentes contextos. Alimentar-se de maneira saudável é aprendizagem para a vida toda. Vale a pena investir!

Quais são as sugestões práticas que você daria para os educadores?

Primeiro eu acho que coerência é uma palavra fundamental. De nada adianta dar uma aula sobre alimentação saudável e o professor comer alimento não saudável na hora do recreio. Outro ponto que precisa ser pensado: premiar os alunos com guloseimas durante as atividades na escola. E já reparou como balas, pirulitos e doces são constantemente representados nas atividades escolares? Podemos ir mudando e usar mais frutas e verduras. O trabalho com rótulos também tem que vir acompanhado de uma visão crítica. São usados muitos rótulos de alimentos não saudáveis nas atividades escolares, o que reforça o contato da criança com as marcas de ultraprocessados e acaba servindo de estímulo ao consumo. Precisamos incentivar a escola a adotar uma filosofia com relação à merenda. E o educador pode trabalhar com sua turma as formas de ir abrindo mão de certos alimentos na hora do lanche e caminhar para outras escolhas alimentares que sejam também mais sustentáveis. Hortas, oficinas de culinária, visitas a uma feira de orgânicos… Há muito o que ser feito e devemos inserir a alimentação saudável de forma definitiva na nossa prática pedagógica.

 

Fernanda Clímaco atua com formação de professores da infância

 

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