Um chá de bebê diferente
* Por Corinne Julie Lopes – advogada e gestora social
A relação maternidade e consumo sempre foi muito íntima. Acredito que isso se dê em função da novidade da gravidez (e daí a necessidade de novos produtos e coisas) e é comprovada pela alta dos preços nas vitrines e prateleiras do mercado. E o apego ao novo é sempre tão intenso que não acaba no comprar, se estende no guardar o que compramos, por longas e longas datas. Não é de se admirar que até hoje minha mãe tenha coisas de quando eu era bebê.
Ao mesmo tempo, a gravidez é uma época de muita solidariedade; sua tia lhe oferece roupas de grávida, sua prima lhe presenteia com cremes hidratantes e, por que não, com o restante do ácido fólico que ela não precisou usar… Os conselhos pipocam e tudo é motivo de papos e papos…
Parece que todos os olhares do mundo se voltam para a sua gravidez! Você sai de campo e entra em cena uma grávida cheia de desejos aos olhos dos outros. Aniversário; Natal; esquece! Os presentes serão só para o seu bebê. Você sai de cena por completo. Por isso é bom estar atenta para aproveitar essa maré a seu favor e de seus valores…
Dia desses, estava conversando com minha mãe sobre as possibilidades que um chá de bebê ou chá de fraldas (como prefiram denominá-lo) traz consigo, sem grandes gastos e com possibilidades felizes de reciclagem. Fiquei pensando o seguinte: como seria bacana se cada convidado levasse um pacote de fraldas e, no lugar de algo novo para o enxoval (o que é de costume), um presentinho de algum bebê que foi da família ou ainda é e não se usa mais. Não importa se a roupinha esteja puída, o brinquedinho com alguns arranhados ou o carrinho com alguns meses de uso. Para algumas novas mães, acredito ser muito mais importante a generosidade das pessoas e a possibilidade de poder contar com outras mães nessa gigante empreitada, que estar sozinha para adquirir coisas novas, sem tanta utilidade a longo prazo (os bebês de hoje em dia crescem a olhos vistos e numa proporção meio maluca). Com essa nova proposta, estaríamos praticando um consumo sustentável, reciclando, e a nova mãe estaria deixando de gastar com bens pouquíssimo duráveis para o seu bebê. Eu achei super praticável essa ideia; que tal você praticá-la também?
Imagem: Freepix
* Saiba mais sobre a colunista Corinne Julie Lopes
Meu nome é Corinne Julie. Sou de Conselheiro Lafaiete, moro atualmente em Belo Horizonte mas já visitei e morei em outros mares e montanhas… Assim como o significado do meu nome, sou cor, magia e alegria. Amante de livros, fotografias e boas viagens, encontrei na Rebrinc, espaço para algumas inquietações minhas. Sou advogada, gestora social e mediadora de conflitos. Sócia-fundadora do CEDECA MG (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) e mestre em Educação, Gestão Social e Desenvolvimento Local. Acredito que boas ideias e várias atitudes podem mudar o mundo.
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Texto feito especialmente para o site da Rede Brasileira Infância e Consumo, Rebrinc. Caso queira reproduzi-lo, pedimos que mencione a fonte e o autor, com link para o site. Ajude-nos a valorizar os autores e a divulgar o nosso trabalho pela infância.