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Como estimular a reflexão sobre consumo com as crianças?

Como estimular a reflexão sobre consumo com as crianças?

Por Andressa Costa * – Educadora financeira e integrante da Rede Brasileira Infância e Consumo

Apesar da ilegalidade da publicidade direcionada para a infância, presenciamos a todo momento ações que buscam cativar a criança para o consumo. Seja na TV, na internet ou nas publicações impressas, tais propagandas têm seu conteúdo comunicacional passado de forma emotiva para conseguir a atenção das crianças, bem como seu objetivo final, a venda. Outra estratégia da publicidade é sempre tornar as crianças cada vez mais precoces. A equação é simples: se eu faço com que uma criança seja mais precoce, eu tenho um consumidor mais cedo.

Segundo a Associação Dietética Norte Americana Borzekowiski Robinson, basta apenas 30 segundos para uma marca influenciar uma criança. E estudos comprovam que 80% da influência de compra dentro de uma casa vem dos filhos. Além disso, uma pesquisa do IBGE revelou que a criança brasileira é a que mais assiste à TV no mundo. Vemos então um longo trabalho pela frente.

1 – Defina um tempo para seu filho assistir à TV diariamente

Não permita que seu filho passe muito tempo em frente à TV, pois ela “amolece” o músculo da imaginação trazendo tudo digerido para as crianças, além de acelerar a infância. Então, estabelecendo um prazo diário para seu filho, você trabalha a disciplina e a responsabilidade e, ainda, ativa a criatividade dele, pois o mesmo precisará inventar outras brincadeiras durante o dia. É importante, também, acompanhar os desenhos e programas vistos pelos filhos, pois há boas opções de desenhos, filmes e programas que são educativos, passam valores e são divertidos. Porém, da mesma forma, há opções terríveis. Fique atento. Aproveite a oportunidade para estar mais tempo com as crianças e brincar com elas. Elas precisam desse afeto.

2 – Inicie a Educação Financeira em casa

Já que a criança começa a desejar bens de consumo, nada melhor que começar a ensiná-la como o dinheiro funciona. Compartilhe com ela as despesas mensais que a família possui e ensine-a o quão importante é o planejamento para se alcançar os sonhos e realizar desejos.

3 – Introduza a semanada (ou mesada/quinzenada)

Se seu filho tem entre 7 e 9 anos comece a dar-lhe semanadas (uma quantia em dinheiro semanalmente). Nessa faixa etária a ansiedade das crianças ainda é grande e é difícil para elas gerenciar esse sentimento, por isso o período é semanal. A partir dos 10 anos, introduza a mesada (quantia em dinheiro mensalmente – também pode ser quinzenalmente). Nessa idade a criança já tem um pouco mais de maturidade para lidar com a questão do tempo, além de já saber mais operações matemáticas, o que pode ajudar no planejamento financeiro.

4 – Ensine seu filho a colocar os sonhos e desejos no papel

Converse com ele sobre os sonhos e desejos que possui. Ajude-o a escrevê-los e a calcular o prazo em que conseguirá realizá-los de acordo com a mesada/semanada que recebe. Aproveite a oportunidade para esclarecer a diferença entre “desejo” e “necessidade”.

5 – Insira a criança em algumas conversas financeiras simples da família

Mostre a ela que sua participação é importante. Apresente um pouco do orçamento familiar e diga a ela que a renda serve para todos da família e que, assim como ela, as outras pessoas também têm seus objetivos individuais. Porém, aproveite a oportunidade para ressaltar objetivos coletivos, tais como viagem de férias, passeios, etc.

6 – Ajude seu filho a tomar decisões

Essa tarefa ainda é bem complexa para crianças, por isso precisam de ajuda dos adultos para desenvolverem essa habilidade e a maturidade necessária. Utilize a lista de sonhos e desejos do seu filho e o conhecimento que ele tem sobre desejos e necessidades e aproveite os momentos em que ele quer consumir demasiadamente para conduzir uma reflexão na qual seu filho possa identificar seus sentimentos e analisar se vale a pena agir pela emoção. Fazendo assim, a criança começa a usar a razão na hora de consumir, pois se lembra das suas necessidades e dos sonhos e desejos para os quais está poupando a fim de realizar. É nessa hora que a criança tem as ferramentas necessárias para tomar sua decisão. Os conselhos dos pais são extremamente bem-vindos. Não deixe essa chance passar.

7 – Dê o exemplo

É fato que as crianças imitam os adultos, então use esse formato de aprendizagem. Mostre ao seu filho que você utiliza sua inteligência emocional na hora de consumir. Deixe-o ver, na prática, que você não deixa de gastar com uma necessidade para comprar um supérfluo, que você utiliza um orçamento doméstico e segue seu planejamento para alcançar seus objetivos. Mostre, também, que é possível destinar parte da sua renda para diversão, pois é possível poupar e gastar com coisas que te agradem, e isso também é disciplina.

A reflexão sobre o consumo e o dinheiro na educação dos seus filhos é fundamental porque, dessa forma, teremos no futuro consumidores mais conscientes e, consequentemente, adultos mais felizes.

 

Mãe da Lara, apaixonada por educação e pela infância e seus encantos. Educadora Financeira, Consultora Educacional e Psicopedagoga. Encontrou na maternidade o empurrãozinho que faltava para empreender e trazer valor para o universo educacional e para a vida das pessoas. Dessa forma uniu suas duas formações e áreas de atuação (Finanças e Educação), fundando a WiseCash, empresa de Educação Financeira e Empreendedora que atua em diversas escolas e empresas.

Fale com a autora: contato@rebrinc.com.br

 

Foto: Arquivo Rebrinc

1 Comment

  1. Oi Andressa! Sabe, tenho refletido no papel dos avós na educação financeira das crianças.
    O que tenho visto com muita frequencia, são pais mimados que ensinam seus filhos a pedir tudo para os avós. O que vai desde roupas, calçados, até um ‘livro legal’ que estão vendendo na escola.
    Os avós não ‘sabem dizer não’,os pais-filhos encostam, e assim a criança cresce achando que dinheiro nasce em árvore.

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